A liturgia deste domingo exige de nós o de vivência do amor total, o amor sem limites, mesmo para com os nossos Inimigos. Convida-nos a pôr de lado a lógica da violência e a substituí-la pela lógica do amor.
A primeira leitura apresenta-nos o exemplo concreto de um homem de coração magnânimo, a partir do que ocorreu com Davi. Ele, perseguido pelo rei Saul, teve a possibilidade de eliminar o seu inimigo, mas escolheu o perdão. O cristão deve seguir no caminho de Deus. Ele é chamado a fazer o bem e não o mal, a agir com misericórdia e bondade, a reconhecer que a vida é sagrada, a não pagar com a mesma moeda: à violência, deve responder com amor. O amor é a única forma de desarmar a violência e o ódio.
Na segunda leitura, Paulo continua a catequese iniciada há uns domingos atrás sobre a ressurreição. Podemos ligá-la com o tema central da Palavra de Deus deste domingo — o amor aos inimigos — dizendo que é na lógica do amor que preparamos essa vida plena que Deus nos reserva e que o amor vivido, com radicalidade e sem limitações, é um anúncio desse mundo novo que nos espera para além desta terra. Vivamos, então, nos exorta Paulo, como seres espirituais, como pessoas celestes, ou sea, como criaturas novas marcadas, desde já, pelos frutos da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Evangelho reforça esta proposta. Exige dos seguidores de Jesus um coração sempre disponível para perdoar, para acolher, para dar a mão, independentemente de quem esteja do outro lado. Não se trata de amar apenas os membros do próprio grupo social, da própria raça, do próprio povo, da própria classe, partido, igreja ou clube de futebol; trata-se de um amor sem discriminações, que nos leve a ver em cada ser humano — mesmo um inimigo — um nosso irmão. O que Jesus nos pede é amar o próximo, imitando a bondade, o amor e a ternura de Deus. De fato, Ele assim nos diz: o que quereis que vos faça, fazei também a eles... com a mesma medida que medires, sereis medidos.
O que é constante em mim, o ódio, o espírito de vingança... ou o perdão, a paciência e a busca da paz? Tenho feito o bem ou o mal aos meus irmãos e irmãs? Procuro trazer em mim os mesmos sentimentos de compaixão, bondade e misericórdia, tão próprios do coração de Deus? Amo verdadeiramente meu próximo ou só -as pessoas que me fazem o bem?
Senhor, meu Deus; faz com que eu imite a vossa bondade e a vossa ternura, amando, verdadeiramente, o próximo, até mesmo meus inimigos. Que eu testemunhe a vossa misericórdia e compaixão, sem discriminações e julgamentos, vendo em cada ser humano, um irmão.
Amém.
Pe Marcelo Santiago