Como diz o poema: amar é verbo que se conjuga na história da vida!
É a verdade do existir, não se conjuga o verbo amar nos devaneios humanos. Amor de sonhos é amor que não se concretiza na história da vida. O verbo amar é o verbo que se conjuga na constância e na permanência de cada pessoa que está intimamente ligada ao Senhor enquanto ramo da videira e aí, somente aí, poderá frutificar em boas obras. Amar não é verbo que se conjuga na indiferença, mas justamente é o verbo que se conjuga estando “ao lado de”.
O amor não é apenas um verbo, mas é sujeito. O amor é ente. O amor é ser que se manifesta àqueles que se deixam amar e que estão prontos a se doar amando. O amor que o Cristo nos propõe é o amor do Amigo que doa sua vida pelos outros. Quem são “os outros”? Todo e qualquer ser humano com o qual me encontrar será alvo do “amor” cristão. Jesus nos ensina que seu amor não faz escolhas, é amor sem medidas, amor extremo, amor que faz da vida inteira uma doação de si ao outro.
A vocação cristã tem raiz neste chamado joanino: se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. E eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei.
Mas o amor pode ser um mandamento, algo imposto? Eu mando vocês amarem e vocês são obrigados a amar?
O amor para Jesus é lei suprema, trata-se de uma ética vital. O mandamento de Jesus é o “pleno cumprimento da lei mosaica”, ou seja, nada se faz sem que o amor direcione nossas condutas. A obrigação não o amar, mas a obrigação é de tornar o amor nosso motivo ético maior de existir. Um amor que se conjuga na história, um amor que olhe para o outro e se compadeça, que coloque de pé, que lute pela justiça, que pratique o bem e edifique o Reino de Deus.
Neste caso o mandamento passa a ser razão de viver e existir.
Somos muito radicais em várias coisas desde a escolha dos times de futebol que iremos torcer ao absurdo idolátrico que ocorre no campo da política, por causa dessas ideologias toscas e medíocres começamos a amar aos moldes daquelas pessoas que “seguimos”, sobretudo nas redes sociais. Nossas bandeiras começam a ser bandeiras que nos afastam do Evangelho de Jesus Cristo. Nossas leis não aceitam mais o amor como base essencial para a felicidade real do ser humano. Daí em diante, infelizmente, fracassamos.
Quando fracassamos a alegria de Jesus não está conosco. O mundo passa a criar outras alegrias mais urgentes e as vende à sociedade. A sociedade compra essas falsas alegrias e distanciando do Senhor perdemos o perfume do Cristo em nossas vidas para assumir o cheiro fétido do ódio, do rancor e da indiferença com relação à vida humana. Não conjugamos o verbo amar em nossas histórias e então tudo, aos poucos desmorona desde nossos lares, passando pela sociedade civil e nossas comunidades eclesiais, porque assumimos os verbos periféricos e deixamos de lado o essencial da vida que é amar em Jesus Cristo.
Quando isso acontece, brigamos com Jesus e não mais queremos ser, verdadeiramente seus amigos e amigas. Isto é triste, muito triste... nos esquecemos que o amor nos escolheu antes de tudo. Permaneçamos inseridos nesta opção de Jesus Cristo em nosso favor.
Pe. Jean Lúcio de Souza