Há encontros nesta nossa vida que marcam profundamente nossa existência, pois são encontros que se fazem no âmbito da alma, no mais profundo de nosso ser. Esses encontros são marcados por amor, devotamento recíproco e muito afeto. São momentos que marcam profundamente nossa história pessoal, exatamente porque estão além deles, e nos envolvem com uma tão intensa afeição que nosso coração transborda de santa alegria, nossos lábios cantam, nossa boca louva e agradece, nos sentimos tocados.
O encontro que a Igreja celebra hoje é um desses encontros: Maria Santíssima se encontra com sua prima Isabel; uma jovem e uma anciã, todas duas tocadas pela graça divina, mas uma delas grávida da mesma graça, diante daquela que, tendo duvidado, ainda assim lhe fora creditado o milagre de um filho na velhice e na condição de estéril anciã. Apressadamente, aquela adolescente marcada afetuosamente pelo sopro do Espírito, alegre e confusa, vai servir e partilhar com a prima os mistérios de Deus; aquela anciã, marcada pela dádiva de uma gravidez também “divina”, receberá a nova Eva, a quem o anjo saudou com seu Ave! Precisava de ajuda, e ajuda não lhe fora negada por aquela que ensinará ao filho mais tarde, que ensinará depois a todos nós, que viemos a este mundo para servirmos e não para sermos servidos.
Durante a caminhada Maria rememora a anunciação, o anjo de voz forte e doce, o sopro do Espírito a envolvendo doce e ternamente, o mistério a abraçando, o milagre acontecendo. Não havia em seu coração nenhuma inquietação, medo algum ou ansiedade, apenas paz, não como o mundo a dá, mas como seu Filho futuramente a ensinará. Seus olhos banham o árido caminho que percorria apressadamente de lágrimas de gratidão e piedoso temor ao Deus salvador em quem confiou, porque grande é o Senhor Deus de Israel em nosso meio.
Envolvida assim no mistério chega à casa de sua prima, desejando-a a paz, pois ela gestava então esta paz que vindo do céu assumiria nossa humanidade. Tão logo sua voz encontrou os ouvidos daquela anciã, ela ficou cheia do Espírito Santo, e o filho de suas entranhas já iniciava sua missão: anunciar, pulando de alegria, que o senhor estava ali, no ventre do primeiro sacrário vivo da eucaristia. Juntamente com o anjo que rezara diante de Maria a primeira parte da Ave-Maria, Isabel agora continua a oração: bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre, Jesus. Depois do Pai-Nosso ensinado pelo mestre, sem dúvida a mais poderosa oração ensinada pelo anjo Gabriel e pela anciã mãe do batista. Rezada com fé, enche de maldita ira a satanás precipitando a ele e seus anjos no Reino dos que não podem mais contemplar o amor.
E continua, depois sua saudação, com as mãos no ventre da virgem Maria: bem-aventurada, e mais aventurada ainda, aquela que não duvidou primeiro, mas primeiro acreditou, pois assim será cumprido tudo aquilo que o Senhor lhe prometeu. Por ti nossa esperança se renova, e pelo fruto de teu ventre conheceremos a ternura de Deus e a face de sua misericórdia. Deveras o nome de Deus é o mais excelso. A antiga profecia de Sofonias se cumpria: O Senhor teu Deus está no meio de nós, o salvador valente que enfrentará a morte; movido por amor exultará de alegria e nos fará exultar em seu nome santo.
Deus anseia imensamente repetir esse encontro conosco, todas as vezes que vamos à Igreja, ou a ela somos fiéis, pois ela é nossa anciã, que ficou e fica constantemente grávida de novos filhos e filhas de Deus, e que nasceu para fazer brilhar a verdadeira luz entre as nações. Abramos o coração ao Deus maravilhoso, Emanuel, que constantemente quer se encontrar conosco.
QUESTÕES NORTEADORAS: (para serem respondidas mais com o coração e a vida do que com a razão e o pensamento)
ORAÇÃO: Ó Deus, que pelo encontro da mãe de Vosso Filho e a prima Isabel, unistes o Antigo e Novo testamento no abraço daquela menina e daquela senhora, suscitai em nosso coração o desejo de a cada dia nos encontrarmos, também nós, com a graça de vosso amor e assim proclamarmos as maravilhas que fizestes por nós, amém.
Diác. Robson Adriano