A dimensão da oração de Jesus dirigida ao Pai é um diálogo que manifesta comprometimento, entendimento e missão. O movimento de comprometimento está ligado à unidade que é retomada em forma de pedido – para que todos sejam um – a unidade aqui é o lugar do entendimento. Na família de Deus e na missão de sua casa há um objetivo comum que deve ser levado a sério, o amor que nos une e no amor todos seremos um na multiplicidade do que somos.
Compreender que todos somos um no amor do Pai em Jesus Cristo divino irmão e mediador. Ele provoca a libertação do gênero humano, nós deixamos de ser criaturas, passamos a ser amigos do Senhor e o mais intrigante, Deus nos faz, em Jesus, seus filhos e filhas. Por isso, somos chamados a crer na missão de Jesus, enviado do Pai, compreendê-la e levando a bom termo o entendimento de viver com Ele a mesma missão de unidade e paz.
Não se trata de romantizar a fé, se a unidade perfeita é o amor, que é o laço do Espírito Santo que nos une, começamos a entender que neste mundo em que vivemos onde os sinais do amor de Deus que edifica o Seu reino estão cada vez mais opacos, frágeis e desacreditados, será neste mundo, que em unidade com o Pai e o Filho na graça do Espírito que estabeleceremos nossa missão no Amor. Compreender e entender é transformar as realidades onde estamos amando.
Santa Teresinha do Menino Jesus dizia que “no coração da Igreja ela queria ser o amor”. Que bonita manifestação de unidade, para que todos fôssemos verdadeiramente um, no coração da Igreja, no meio do mundo, nós devemos compreender da mesma maneira como Santa Teresinha compreendeu... Sermos amor é também ser unidade. E para ser amor unidos à missão de Cristo, teremos de ser operantes...
Devemos nos ocupar deste amor-unidade que nos alcançou, dele viver e comunicá-lo com sua linguagem peculiar onde houver discordância. O cristão católico não é chamado a viver uma unidade falsa com o mundo, mas deve viver sua unidade com Deus dentro do mundo. Que isso significa?
Por onde passamos, onde vivemos e trabalhamos, onde, deveras exercemos nossa missão de batizados, em todos os lugares, devemos nos perguntar: estamos sendo amor no Amor? Volto a dizer, não se trata de romantizar ou docilizar a vivência humana por um falso exercício da fé, mas fazer com que o Amor de Deus seja operante no mundo através de nós, desta forma, cada realidade por nós vivida, presenciada ou realizada, a pauta, a referência e o resultado almejado é e deve se dar na forma do amor de Deus, que se doa e edifica a vida noutra perspectiva. Nisto seremos reconhecidos como discípulos de Jesus.
Não seremos reconhecidos discípulos porque fazemos novenas, procissões, porque rezamos o terço e temos nossas devoções, seremos reconhecidos discípulos quando a Palavra de Deus se transformar em fé viva no meio de nós, quando compreendermos que a Eucaristia, mistério celebrado de Deus humanado que doa continuamente amando, deve ser não somente recebida, mas deve ser vivida na ação de graças cotidiana daqueles que aprenderam a amar e a lutar, verdadeiramente, para que nosso mundo seja transformado.
Coragem! A missão é nossa também. O Espírito de Deus habita em nós para sermos, com Ele, agentes do amor.
Pe. Jean Lúcio de Souza