Retomando a estrutura litúrgica dos domingos do tempo comum, encontramos três pontos importantes no texto de Lucas: a resolução da dúvida sobre quem é Jesus, Filho do Homem que sofre e a renúncia.
Jesus ao questionar os discípulos sobre a ideia que os outros têm sobre Ele, sobre sua real “identidade” segue à pergunta a resposta em que Jesus é identificado à figura de “algum” profeta. Não se o identifica como definido profeta, mas “mais um”. O povo, de modo geral, assim o reconhece, mas ao voltar sua pergunta aos discípulos, sobre quem Jesus era para eles, Pedro responderá com a linguagem comunal da esperança do povo de Israel – o Cristo (Messias) de Deus. O esperado, o desejado, que viria em glória e triunfo.
Interessante ler, observar e pensar na resposta de Pedro, ao que Jesus não quer que seja divulgada, tal resposta só será entendida plenamente após a completude do mistério pascal. Por esse motivo, Jesus quer que aquela resposta seja ampliada em profundidade, pois o Cristo de Deus, não virá em glória como era o pensamento comum, Ele será encontrado no Filho do Homem que sofrerá, será entregue, traído, morto e depois ressuscitará. É a concretização da profecia de Zacarias – aos que eles feriram de morte – o lugar da graça que se derrama do lado aberto de Cristo – “a fonte acessível à casa de Davi e aos habitantes de Jerusalém, para ablução e purificação”.
Quanto ao lugar onde se encontra o Cristo, dali parte os discípulos na missão comum com o Senhor. O seguimento não é um desfile de escolhidos que brilham na passarela das estruturas eclesiais, ao contrário, o local do seguidor é o da renúncia ao brilho é o lugar de quem carrega sua cruz, mas não uma “cruz no final”, mas uma “cruz cotidiana”, a cruz daqueles que compreendem a finalidade da missão, seguir Jesus por amor, seguir Jesus amando-o ao extremo, seguir Jesus sobretudo quando a cruz da missão diária ferir, sufocar e parecer inútil.
Coragem irmãos e irmãs, nossa missão está associada ao mistério da Paixão de Jesus, estamos associados a Ele neste lugar e expressamos com o salmista – minha alma se agarra em vós, com poder vossa mão nos sustenta – na caminhada da vida e da fé.
Pe. Jean Lúcio de Souza