À medida que a Igreja cresce em número de fiéis convertidos, sobretudo do paganismo, crescia também as tensões entre os cristãos dentro da comunidade, pois humanamente as comunidades estavam sujeitas aos conflitos sócio-culturais e à possibilidade de uma interpretação equivocada da Boa Nova, o que podemos ver na primeira leitura de hoje. Os judeus-cristãos, vindo do judaísmo e marcados por seus costumes, queriam impor aos cristãos vindo do paganismo a lei da circuncisão como condição necessária para a salvação. Instalou-se, assim, uma confusão na comunidade.
A forma com que a comunidade resolveu a questão afirma para nós o senso de pertença da comunidade de Antioquia à comunidade que estava em Jerusalém, que na ocasião, abrigava o apóstolo Pedro, símbolo da unidade dos cristãos. Este senso de pertença era o testemunho da sinodalidade das primeiras comunidades apostólicas que insistiam que um conflito entre irmãos deveria ser resolvido entre irmãos, no espírito de comunhão fraterna e com a ajuda da Igreja-mãe, Jerusalém, e do Espírito Santo que amparava toda a Igreja nascente.
Numa espécie de concílio, discutiram as questões, refletiram sobre o problema à luz do Espírito, confrontaram o ponto de tensão com os ensinamentos de Cristo e tomaram a decisão: enviaram discípulos à comunidade de Antioquia e uma carta exortativa que convidava os irmãos a crescerem na fé, na unidade cristã. A exortação continha a preocupação em não se impor sobre os cristãos vindos do paganismo nenhum fardo pesado sobre a comunidade, a não ser a abstenção de alguns poucos pontos necessários para o testemunho da fé.
Este espírito fraterno e este zelo para com a unidade das comunidades de fé prefigura já, como vemos na segunda leitura, a cidade Santa Jerusalém, joia preciosa nas mãos do Senhor, ornada com as muralhas firmes dos Apóstolos que constituíam a convicção dos santos, e igualmente prenunciava a Igreja que crescia em número e em santidade diante de Deus. Esta Igreja nascente não precisava de templo ou de sol, pois neste início ficava claro para discípulos que o próprio Deus, em seu cordeiro, era o templo, o sol e a glória desta Igreja nascente.
A unidade fraternal demonstrada pela Igreja nascente, a unidade na fé e no espírito de Cristo, testemunha ainda a unidade entre o Cristo e o Pai (como vemos no Evangelho) e revela ao mundo aquele tipo de paz que o Senhor ressuscitado nos quis dar; uma paz que se afirma na fraternidade e na fidelidade ao projeto de Deus. Dessa forma o senhor está prestes a voltar para junto de Deus e confirmar à sua Igreja a graça espiritual do conforto e do auxílio do espírito a fim de sempre crermos, confiarmos e nos alegramos em Deus.
QUESTÕES NORTEADORAS: (para serem respondidas mais com o coração e a vida do que com a razão e o pensamento)
ORAÇÃO: Ó Deus, dai-nos viver com alegria estes dias pascais a fim de nos alegramos sempre em vós e termos o coração sempre aberto à vossa assistência. Amém.
Diác. Robson Adriano