Hoje celebramos a festa de um grande santo espanhol, Santo Inácio de Loyola, que no início de sua vida aspirava às glórias humanas e sonhava em ser reconhecido como um nobre cavaleiro. No entanto, foi justamente no momento de fragilidade — ferido em batalha e forçado ao repouso — que sua vida deu uma reviravolta. Ao ler sobre a vida de Cristo e dos santos, Inácio descobriu um novo ideal: não mais conquistar o mundo, mas conquistar a si mesmo para Deus. Foi assim que nasceu sua grande obra espiritual: os Exercícios Espirituais, um caminho de discernimento, silêncio e encontro pessoal com o Senhor.
Como Inácio, também nós somos chamados a reavaliar o rumo de nossas vidas. Às vezes é preciso deixar para trás os projetos de vaidade e sucesso terreno para abraçar um ideal mais alto: a amizade com Deus e o serviço ao próximo. A vida dos santos, quando contemplada com fé, nos oferece inspiração e direção. Eles nos mostram que é possível viver com intensidade o amor de Deus em qualquer circunstância.
A primeira leitura de hoje nos apresenta um momento simbólico e profundo: a construção do santuário no deserto e a colocação da Arca da Aliança, onde se guardavam as tábuas da Lei. Esse santuário era o sinal visível da presença de Deus no meio do povo. Mesmo no deserto, em tempos de provação, o Senhor quer estar presente, habitando entre os seus. Isso nos lembra que nossa própria vida deve tornar-se um espaço sagrado, onde Deus é acolhido e entronizado como centro.
No Evangelho, Jesus continua ensinando sobre o Reino dos Céus por meio de parábolas. Ele compara o Reino a uma rede lançada ao mar que recolhe peixes de todo tipo. Isso representa a realidade da humanidade: diversa, misturada, nem sempre clara. No entanto, no fim dos tempos, haverá um discernimento definitivo — os bons serão separados dos maus. Somos lembrados de que nossas escolhas, nossas ações e nosso coração moldam nossa eternidade. Ser "peixe bom" significa viver com coerência, cultivar o bem, a justiça e a fidelidade a Deus.
Além disso, Jesus fala de um escriba que se torna discípulo do Reino: ele se parece com um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. Isso indica a importância de unir tradição e novidade, sabedoria antiga e abertura à ação do Espírito no presente. Um verdadeiro discípulo é aquele que sabe reconhecer os sinais de Deus em todas as épocas e circunstâncias.
Para refletir: Tenho me deixado tocar pela Palavra de Deus como Inácio de Loyola, disposto a mudar de vida e buscar um ideal mais alto? Minhas ações estão construindo um caminho de eternidade com Deus?
Pe. Thiago José Gomes