- A festa da Transfiguração do Senhor, celebrada no Oriente desde o século V, celebra-se no Ocidente desde 1457. Situada antes do anúncio da Paixão e da Morte, a Transfiguração prepara os Apóstolos para a compreensão desse mistério. Quase com o mesmo objetivo, a Igreja celebra esta festa quarenta dias antes da Exaltação da Cruz, a 14 de Setembro. A Transfiguração, manifestação da vida divina, que está em Jesus, é uma antecipação do esplendor, que encherá a noite da Páscoa. Os Apóstolos, quando virem Jesus na sua condição de Servo, não poderão esquecer a sua condição divina. Celebremos esse dia dispostos a escutar e seguir o Filho amado do Pai.
- Na primeira leitura, Daniel, em visão noturna, vê a história do ponto de vista de Deus. Sucedem-se os impérios e os opressores, mas o Projeto de Deus não falha. Ele é o último juiz que avaliará as ações dos homens e intervirá para resgatar o seu povo. Aos reinos terrenos contrapõe-se o Reino que o Ancião confia a um misterioso "Filho de Homem" que vem sobre as nuvens. Trata-se de um verdadeiro homem, mas de origem divina. O texto se aplica sobretudo a Jesus, o Messias que há de restaurar o Reino de Israel. Ele, sim, é o Filho do homem que vem inaugurar um reino que, embora se insira no tempo, "não é deste mundo" (Jo 18, 36). Ele triunfará sobre as potências terrenas, conduzindo a história à sua realização escatológica.
- No Evangelho, São Lucas narra a Transfiguração de Jesus. Ela confirma a fé dos Apóstolos, manifestada por Pedro, em Cesareia de Filipe, e os ajuda a ultrapassar a sua oposição à paixão anunciada por Jesus. Quem quiser ser Seu discípulo terá de participar nos seus sofrimentos (Mt 16, 21-27. A Transfiguração é um primeiro resplendor da glória divina do Filho, chamado a ser Servo sofredor para salvação de todos nós. Na oração, Jesus se transfigura e deixa entrever a sua identidade sobrenatural. Moisés e Elias, representando a lei e os profetas, ao lado de Jesus e conversando com Ele, dão testemunho de que n’Ele se realiza as promessas divinas. A Sua Transfiguração clarifica o caminho terreno a seguir, descer em direção a Jerusalém, para entrega de sua vida para a salvação da humanidade. na fidelidade ao Projeto de Deus, o Pai. Pedro como que tenta parar o tempo. É, então, envolvido com os companheiros pela nuvem. Da nuvem, manifestação de Deus, vem a voz Pai proclamando a identidade Jesus, Filho e Servo sofredor: “Este é o meu Filho muito amado, escutai-o” (Lc 9,35). A voz do Pai celeste nos diz: "Escutai-o", palavra cheia de sentido, como todas as palavras divinas. Deus nos dá o seu divino Filho por guia, por chefe, por mestre. Esta palavra divina “Escutai-o” espera de nós uma resposta. Não basta apenas uma promessa vaga, é preciso uma disposição habitual: “Fala, Senhor, que o teu servo escuta”.
- Para refletir: Tenho escutado Jesus, na condução de minha vida, reconhecendo-o como o “Filho do homem, o Messias, o Salvador? Procuro, com a graça de Deus, me transfigurar dos vícios, dos pecados, de tudo o que ofusca em mim a luz divina? Na escuta atenta da voz de Deus, em seu Filho Jesus, procuro transfigurar a sociedade, tornando-a mais justa, fraterna e reconciliada? O que a Palavra de Deus me pede hoje? ...
Oração
Sim, Senhor,
quero doravante escutar-Te.
Fala, Senhor, que o teu servo escuta.
Senhor, que queres que eu faça?
A vossa vontade será a minha lei,
como a vontade do vosso Pai era a lei do teu coração.
Para cada uma das minhas ações, farei o que Tu quiseres.
Dá-me discernimento, coragem, perseverança.
Ilumina-me com Tua Palavra de vida, verdade e salvação.
Amém.
- Compromisso de hoje: escancarar os ouvidos e o coração para “escutar Jesus”.
Pe. Marcelo Moreira Santiago