Percebemos uma sequência textual em Lucas que coopera para compreendermos a coerência dos atos de Jesus ligados à vivência com os seus. As ações ligadas à sua missão: anunciar, proclamar, curar e libertar estão em curso e Jesus não se distancia da concretização de seu compromisso com a vontade do Pai a seu respeito, portanto, no Evangelho de hoje percebemos que sua ação é fazer romper toda força que paralisa o ser humano e o impede se servir.
Encontrar-se com Jesus é deixar-se curar das letargias que podem surgir em nossas vidas. É permitir-se sair da condição de enfermo e colocar-se de pé, com coragem e disposição rumo à edificação do Reino de Deus. A sogra de Simão é símbolo desta disposição, daqueles que se deixam tocar e transformar pelo Senhor.
Do outro lado, após a intimidade do lar de Simão, seguem as curas às multidões, são vários anônimos, pessoas de todos os lados, de todos cantos, todos querem se encontrar com Jesus, querem ser tocados por Ele e a partir deste toque, serem curados dos males que os afligem. Mais uma vez Jesus vem rompendo com a indiferença humana, com a falta de zelo e cuidado de todos por todos, a cena quase nos sugere um certo desespero, pois todos os que tinham algo com que, com o qual, não sabiam lidar, acorriam a Jesus. Todos eram curados... o carinho e o cuidado de Jesus deixa claro para todos que Ele é a clemência do Pai presente no mundo. Deus manifesta sua bondade, seu carinho e seu cuidado para com Seu povo em Jesus.
Após esses momentos de cura Jesus também precisa se refazer e ouvir o Pai, observar a vida para além do que se vê e Ele a quer compreender sob o olhar da misericórdia. Quando todos retornam procurando Jesus, se manifesta uma nova proclamação, ou seja, Jesus veio para todos. Ele não pode ser retido, detido. Ele não pertence a um grupo de pretensos privilegiados, a cura é dom que se partilha pelo anúncio e pela proclamação do ano da graça do Senhor. Ele proclama... devo anunciar em outras cidades... devo proclamar em outras cidades... devo curar em outras cidades... devo libertar em outras cidades, foi para isso que eu vim, vim para todos, essa é a vontade do Pai. É Ele que nos escolhe e nos chama a todos pelo nome, para manifestar a clemência do Pai por onde Ele passar.
Pe. Jean Lúcio de Souza