- Hoje se celebra a memória de São Martinho de Lima. Ele nasceu em Lima, no Peru, no ano de 1579. Aprendeu, desde muito jovem, o ofício de barbeiro e enfermeiro. Quando entrou para a Ordem dos Pregadores, dedicou-se de modo singular à enfermagem em favor dos pobres. Levou uma vida de constante mortificação e profunda humildade, cultivou especial devoção à Eucaristia. Morreu em 1639. Seu exemplo nos estimule a colocar os dons a serviço, fortalecidos pela fé, vivendo com humildade e gratuidade.
- Na primeira leitura, Paulo nos leva a refletir, mais uma vez, sobre a gratuidade da misericórdia divina para conosco. Ninguém, por primeiro, deu algo a Deus, para poder ser retribuído (v. 35). Todos, hebreus e pagãos, foram desobedientes a Deus. Mas “Deus encerrou a todos na desobediência, para com todos usar de misericórdia” (v. 32). Estamos na lógica do amor misericordioso, desinteressado, gratuito. É a lógica em que devemos entrar para compreendermos o Evangelho, nos enchermos de paz e de confiança e nos comprometermos na misericórdia para com os outros. Diante disso, brota espontaneamente o hino (vv. 33-36) em que Paulo louva a profundidade e a impenetrabilidade da sabedoria de Deus, o amor de Deus pelo qual existem todas as coisas e que enche de significado a existência humana. Glória a Ele pelos séculos! Amém!
- No Evangelho, Jesus nos ensina, de modo muito espontâneo, mas paradoxal, esta mesma lógica: “Quando deres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem os teus vizinhos ricos; pois eles vão também convidar-te, por sua vez, e assim retribuir-te.” (v. 12). É um conselho estranho! O mais natural é convidarmos para o almoço ou para o jantar, os amigos, os familiares, as pessoas que têm influência na sociedade, e nos podem ajudar a resolver algum problema ou a alcançar determinado objetivo. Mas Jesus insiste: “Quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. E serás feliz por eles não terem com que te retribuir; ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.” (vv. 13-14). Geralmente pensamos que a bem-aventurança, a felicidade, está em receber. Mas Jesus ensina o contrário, apontando-nos o caminho da gratuidade, do amor desinteressado. É aí que se encontra a verdadeira alegria. Se fizermos o bem, à espera de retribuição, estamos no caminho errado. Pelo contrário: se dermos a quem não nos pode retribuir, estamos no bom caminho, na lógica divina do amor, que não se compra nem se vende.
- Para refletir: confio na misericórdia divina? Sou misericordioso para com as outras pessoas? Faço o bem sem olhar a quem? Trago em mim os sinais da gratuidade e da partilha, tão presentes em Jesus?
Oração
Senhor, o teu amor é misericórdia,
que me ergue de toda paralisia
e do abismo dos meus erros.
O teu amor é gratuito, incondicional e desinteressado.
Amar, e só amar, é a tua alegria, a tua vida!
É o mesmo que me pedes em relação aos meus irmãos,
particularmente os pequenos e pobres.
Liberta-me do egoísmo que me afasta dos outros
e de mim mesmo,
do egoísmo que ilusoriamente julgo me tornar forte,
mas que, na verdade, me torna mais fraco.
Deus de misericórdia e de gratuidade,
amar e só amar, seja a minha alegria.
Amém.
- Compromisso, à luz da fé: enchermo-nos de paz e de confiança e nos comprometermos na misericórdia para com os outros, na alegria de servir, com gratuidade, a partir dos pequenos, pobres e mais necessitados.
Pe. Marcel Moreira Santiago