- A primeira leitura nos ensina que há uma dívida que jamais havemos de nos cansar de pagar: o amor recíproco. O amor resume os mandamentos e é o pleno cumprimento da lei (v. 9). Paulo afirma que para que a justiça da lei se cumpra, há um só caminho, o amor gratuito de Cristo, que veio exatamente para cumprir e não para abolir. Este amor não fecha os olhos diante das “rivalidades e contendas” (1 Cor 3, 3), mas não paga o mal com o mal, nem se deixa vencer por ele, mas vence-o com o bem. Cristo nos deu exemplo desse amor. Devemos conformar-lhe a nossa vida, para podermos participar na plenitude da vida em Deus.
- O Evangelho que hoje escutamos, insiste na lei do amor: “Se alguém vem ter comigo e não me tem mais amor que ao seu pai, à sua mãe, à sua esposa, aos seus filhos, aos seus irmãos, às suas irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo” (v. 26). Não se trata de odiar alguém, mas de amar mais a Jesus, de amá-lo acima de tudo e todos. Para ser discípulo, não basta um amor qualquer. Jesus exige um amor muito forte, um amor decidido, disposto a opções nem sempre fáceis. Por isso, é preciso calcular bem as nossas capacidades, antes de tomar a decisão de se tornar discípulo do Senhor. Jesus ilustra essa necessidade com duas comparações: a de alguém que pretende construir uma torre, e se põe a calcular se tem com que a concluir, e a de alguém que se prepara para a guerra e calcula se tem homens e armas suficientes para alcançar a vitória. E conclui: “Assim, qualquer de vós, que não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo” (v. 33). Nós nos Encontramos perante um dilema entre o amor e o desapego. Se pensarmos bem, Jesus, ao nos dar a lei do desapego, nos dá as condições para o verdadeiro amor. Não se trata de renunciar a todo o amor, mas ao amor possessivo. De fato, Jesus nos pede para O amarmos mais que ao pai e restante da família, e mais do que à nossa própria vida (v. 26). Ele percorreu, antes de nós, esse caminho do desapego, e nos deu exemplo do verdadeiro amor, capaz de todos os sacrifícios, um amor que leva ao dom da própria vida e aceita a humilhação para realizar os desígnios de Deus. Viver um tal amor está para além das nossas forças humanas. Mas Jesus nos convida a procurar esse amor e a força para o viver, no seu próprio coração. Com o Coração de Jesus, podemos amar como Ele amou.
- Para refletir: Empenho-me a viver o amor gratuito de Jesus em favor de meus irmãos e irmãs? Pago o mal com o mal ou procuro vencê-lo com o bem? Amo a Jesus, no seguimento d’Ele acima de tudo e de todos? Procuro amar os outros, como Jesus me ama, como Ele nos amou? O que me falta ainda?
Oração
Senhor,
só a tua graça me pode permitir experimentar
um amor semelhante àquele que demonstras por mim.
O amor que me propões é maior que o oceano,
cujos limites desconheço,
e que me parece impossível de alcançar.
As tuas propostas são claras, e sem qualquer engano.
Também não queres que me engane a mim mesmo,
com os meus entusiasmos fáceis.
Ajuda-me a refletir antes de Te dizer:
“Eis-me aqui!”.
Apoia-me com a tua graça.
Só o teu amor me torna pessoa humana.
Só o teu amor me dá a plenitude que tanto procuro,
o amor que aprendo de Ti, ao seguir-te como discípulo,
seja o amor com que procuro
amar os meus irmãos e irmãs.
Obrigado, Senhor!
Amém.
- Compromisso, à luz da fé: “não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser isto: amar-vos uns aos outros”.
Pe. Marcelo Moreira Santiago