- Na primeira leitura, Paulo nos diz que “Se vivemos, é para o Senhor que vivemos; e se morremos, é para o Senhor que morremos” (v. 8). O batizado se tornou pertença do Senhor, colocou-se do lado de Jesus, que é o Senhor da sua vida. O modo do seu viver deve se inspirar nessa realidade nova, nesse sentido de pertença ao Senhor. E “cada um de nós terá de dar contas de si mesmo a Deus” (v. 12). Por isso, o cristão deve viver pelo Senhor e para o Senhor, ultrapassando preconceitos no modo de acolher a diversidade e a fraqueza. A melhor hospitalidade é acolher o outro, o próximo, o irmão. Ninguém deve se fechar em si mesmo. Pelo contrário, respeitando os caminhos pessoais, somos todos chamados a nos abrir a relações de caridade, de que Cristo é a fonte.
- O Evangelho concentra a mensagem principal da obra de Lucas: o Evangelho da misericórdia, falando de Jesus que veio anunciar e encarnar, no meio de nós, o amor misericordioso do Pai. Lucas começa por apresentar o contexto histórico (vv. 1-3) em que Jesus conta essas parábolas. Os publicanos e pecadores vinham “para o ouvirem” (v. 1). Os fariseus e os escribas “murmuravam” contra ele. As parábolas da ovelha perdida e da dracma perdida - com a do pai misericordioso, que Jesus apresenta como ícone de Deus-Pai - devem ser interpretadas à luz desse contexto histórico, pois iluminam a situação daquilo ou de quem estava perdido e a alegria de quem pôde encontrar o que estava perdido. A alegria do ser humano serve para falar da alegria de Deus. Lucas sublinha essa alegria do Pai, que tanto amou o mundo que lhe deu o seu Filho, tirando desse dom a máxima alegria para Si, a vida e a salvação para toda a humanidade. Quer assim nos ensinar a paixão de Deus pela vida de cada ser humano. Ele não sossega enquanto não encontrar aquele que se afastou d´Ele, que se perdeu. Ao encontrá-lo, transborda de alegria e convida à festa.
- Para refletir: Tenho consciência, e vivo a luz da fé, essa certeza de que pertenço ao Senhor? O amor a Deus, minha pertença a Ele, tem me levado a viver a caridade, o amor ao próximo? Sou aberto à graça de Deus, ao seu amor misericordioso? Procuro ser instrumento de Deus em favor dos mais afastados?
Oração
Senhor,
Faz com que eu me abandone nas tuas mãos,
com tudo o que sou e faço,
sabendo que tudo me vem de Ti
e que, na partilha com os outros,
multiplico os bens que me deste.
Ajuda-me a não julgar os outros.
Ajuda-me a repartir com todos o bem precioso da misericórdia,
que usas para comigo,
certo de que nada perderei,
mas muito mais hei de receber,
porque é dando que se recebe.
Amém.
- Compromisso à luz da fé: “Se vivemos, é para o Senhor que vivemos se morremos, é para o Senhor que morremos” (Rm 14, 8).
Pe. Marcelo Moreira Santiago