- Na primeira leitura, a visão escatológica de Daniel prossegue. Mas, desta vez, não consegue compreender sozinho o seu sonho, e pede explicação a uma das figuras do tribunal celeste. Os quatro animais são quatro reinos poderosos, que, todavia, serão suplantados pelo reino dos “santos do Altíssimo” (v. 27). O quarto animal aterroriza Daniel que, mais uma vez, pede explicações ao anjo: haverá dez reis e finalmente um rei - o pequeno chifre - mais feroz e blasfemo que os outros, que substituirá o culto de Deus pelo dos ídolos. Este rei terá mãos livres durante um certo tempo. Depois, será julgado e reduzido a nada. O reino eterno será, finalmente, entregue aos santos do Altíssimo, as potências angélicas que representam o domínio de Deus. A leitura nos exorta à perseverança na fé, na certeza da vitória final. Os santos, diz Daniel, serão por um certo tempo entregues nas mãos dos inimigos, depois Deus vai lhes retirar o poder e os santos receberão o Reino. É a nossa esperança: “Tende confiança, Eu venci o mundo!” (Jo 16, 13). Jesus venceu, e nós participamos da sua vitória, se permanecermos unidos a Ele, orando, vigiando e servindo, venceremos.
- No Evangelho, ao terminar o "Discurso escatológico", Jesus nos alerta para o perigo do relaxamento espiritual e nos convida à coragem e à força do testemunho. O que mais interessa ao Senhor é preparar os discípulos para a luta espiritual que há de caracterizar a sua experiência histórica. Se são perigosos os ataques exteriores, não o são menos as fraquezas interiores. Para ser fiel ao Evangelho, é preciso estar atento a si mesmo e resistir aos outros. Por isso, o convite: “ficai atentos e orai a todo momento” (v. 36). Estas palavras apontam as atitudes de quem quer ser discípulo de Jesus. São atitudes indispensáveis a cada um dos que guardam a fé, mas também às comunidades. Na certeza de que todos vamos comparecer diante do Filho do homem (v. 36), Jesus nos indica a necessidade de fazer algumas opções. Em primeiro, a da vigilância, isto é, a do exame crítico do tempo em que vivemos, de ser presença crítica na sociedade em que vivemos e atuamos, de ter discernimento crítico diante das propostas de salvação que vamos recebendo de um lado e de outro. Em segundo lugar, a renúncia, com a força da oração: para nos prepararmos para o encontro com o Senhor, para estar interiormente e exteriormente puros, para não nos deixarmos seduzir pelo mundo nem pelo Maligno.
- Para refletir: Sou perseverante na fé, mesmo em meio às provações da vida? Vivo a vigilância ativa, de quem caminha à luz da fé, com discernimento e ardor evangelizador? Procuro renunciar, a cada dia, às seduções do mundo e do maligno? Minha esperança está nas mãos de Deus?
Oração
Senhor,
neste último dia do ano litúrgico,
quero me colocar diante de Ti,
em atitude de confiança e de paz.
Com grande alegria, quero te bendizer
pelo teu amor sempre presente,
pelo teu projeto de salvação.
Louvado e exaltado sejas para sempre
por todos os homens e mulheres, pela tua Igreja,
pelos teus servos, pelos justos que,
tendo passado pela grande tribulação,
já estão Contigo para sempre.
Louvado sejas por todos os santos
e humildes de coração.
Amém.
- Compromisso, à luz da fé: “ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem” (Lc 21,36).
Pe. Marcelo Moreira Santiago