- Na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos, Pedro e João sobem ao templo para participarem no sacrifício das três horas da tarde. Assim faziam muitos judeus. À volta do templo, havia doentes e mendigos, que pediam esmola. Para os judeus, dar esmola era obra comparável à oração. É nesse contexto que Pedro realiza o milagre, “em nome de Jesus Cristo Nazareno” (v. 5). Esse milagre era um claro sinal de que os tempos novos esperados pelos judeus tinham chegado e estavam presentes. Ao mesmo tempo, cumpria-se a palavra de Jesus que tinha enviado os seus discípulos a curarem os enfermos e a anunciarem o evangelho (Lc 9, 2). Os próprios milagres são anúncio do evangelho (At 8, 6). Foi o que acontecera na vida de Jesus. E Pedro continua a obra libertadora de Jesus com a pregação e os milagres. Os milagres levam a explicação de como, porquê e por quem são realizados. Os milagres também servem para confirmar a autoridade daquele que anuncia a Boa Nova. A cura do paralítico simboliza o poder vivificador de Jesus, a passagem do desespero à vida plena. Pedro ergue o coxo, o paralítico, “em nome de Jesus Cristo Nazareno” (v. 6). O “nome” é sinônimo da pessoa e da sua autoridade. Os apóstolos falam e atuam com o poder de Jesus. É também em Jesus que o doente deve confiar. Pedro continuará realçando a importância do “nome” de Jesus, como veremos em outros momentos.
No Evangelho, vemos um dos mais profundos testemunhos da Páscoa de Jesus, que encontramos no Novo Testamento. Ao mesmo tempo, ele nos apresenta a escuta da Palavra e a Eucaristia como fundamentos do caminho da fé cristã.
Esta experiência dos discípulos é descrita em dois momentos. No primeiro, vemos os discípulos se afastarem da comunidade de fé de Jerusalém, para voltarem ao seu velho mundo (vv. 13-29). Seguem profundamente desiludidos. Tinham confiado em Jesus como profeta e esperavam nele como líder vitorioso, como libertador de Israel (v. 21). A Ressurreição significava para eles o triunfo militar do povo e uma nova ordem de justiça e liberdade sobre a terra. Mas nada disso aconteceu. É certo que Jesus não estava no sepulcro. Algumas mulheres tinham verificado esse fato... Alguns homens também viram o túmulo vazio. Mas não O viram (vv. 23-24). No segundo momento, vemos os discípulos voltarem a Jerusalém, à comunidade dos discípulos, alegres e com a fé renovada (vv. 30-35). No primeiro momento, Jesus, na figura de um viajante, aproxima-se dos discípulos e, conversando com eles, ajuda-os a ler o plano de Deus e a recuperar a esperança. Lembra-lhes as Escrituras (v. 25). Quando já se reacende a esperança, e o querem reter à sua mesa, enquanto Jesus lhes reparte o pão, reconhecem o Senhor: “os seus olhos deles se abriram e o reconheceram” (v. 31). O ensinamento de São Lucas é claro. É preciso ultrapassar preconceitos sobre Jesus e sobre o seu destino. Ele não é reconhecido através de uma guerra santa e vitoriosa. O sepulcro não é o seu lugar definitivo, nem a sua ressurreição é um regresso ao passado. O caminho para encontrar Jesus é a escuta da Palavra de Deus, presente nas Escrituras Sagradas, e a Eucaristia colocada no centro da vida. Quem assim fizer, chegará gradualmente à fé e fará experiência do Ressuscitado. A Igreja, e assim o Povo de Deus, se alimenta da grande mesa da Palavra e da Eucaristia. De fato, a escuta da Palavra e a partilha do Pão, isto é, da Eucaristia, levam-nos a reconhecer a Cristo Ressuscitado, presente no meio de nós. “Fica conosco, Senhor”.
O amor que trago à luz da fé em Jesus tem me levado a amar os meus irmãos e irmãs, a fazer o bem e a evitar o mal? É no nome de Jesus crucificado-ressuscitado que eu luto por um mundo melhor, mais justo, fraterno, inclusivo e reconciliado? A Palavra de Deus e a Eucaristia têm me alimentado a cada dia no seguimento de Jesus e no testemunho de minha fé? Minha vida tem se preenchido das alegrias pascais, em celebrar Jesus vivo e glorioso, meu Deus e Salvador? ...
Senhor Jesus Ressuscitado,
quero pedir-te, hoje, uma fé viva na tua presença
na celebração eucarística.
Tu estás na tua Palavra, Tu estás na Eucaristia,
com o teu corpo ressuscitado,
que conserva os gloriosos sinais da tua Paixão.
Tu Te dás a mim e a cada um dos meus irmãos e irmãs
com a mesma generosidade
e com o mesmo amor com que avançaste,
sereno e decidido, para o Calvário.
Tu ressuscitaste porque sofreste.
Com o teu sacrifício renovaste o ser humano
e lhe deste a possibilidade de viver uma vida nova.
Glória a Ti para sempre!
Amém! Aleluia!
Pe. Marcelo Moreira Santiago