Domingo da Alegria (Gaudete)
O menor no Reino dos céus é maior do que João Batista”
(Mt 11,11)
Leituras: Is 35,1-6a.10: Sl 145: Tg 5,7-10; Mt 11,2-11.
- O terceiro domingo do Advento é o “domingo da alegria”.
- O profeta Isaías abre a liturgia da Palavra com um convite: “Alegre-se a terra que era deserta e exulte de alegrias e louvores” (Is 35,1-2).
- A Alegria nos vem do Senhor. É a alegria que não se pode comprar, porque é dom gratuito que nos vem do Evangelho.
- Esta alegria é aquela que dá contentamento ao pobre e nos faz perguntar como, mesmo em meio a dor, sofrimento e perseguição, alguém permanece firme em seus propósitos.
- Insistentemente, peçamos ao Senhor que nos faça experimentar a alegria da vinda de seu Filho ao nosso mundo.
- A certeza de sua bondade e de sua presença a nosso lado pode fazer nosso coração vibrar na esperança por um mundo de justiça e paz para todos, sonho que sonhamos com toda a humanidade.
Graça a pedir:
Senhor, dá-me a alegria de teu Evangelho e educa meus olhos
para perceber os sinais de teu Reino em nosso mundo.
EVANGELHO DE JESUS CRISTO SEGUNDO SÃO MATEUS
11,2-11
- Tome consciência de que você está na presença de Deus, reze ao Espírito Santo para que seja iluminado, dócil à graça de Deus, firme em seus propósitos.
- Inicie sua oração, com o sinal da cruz.
- A seguir, leia, atentamente, com alegria e fé, a Palavra de Deus proposta para esse domingo, especialmente o Evangelho.
- Entrando na cena bíblica:
- Imagine-se na terra de Jesus.
- Primeiro veja a prisão em que João Batista se encontra: um lugar úmido, escuro, ambiente insalubre, ele sofre com a solidão.
- Num segundo momento, veja o lugar em que Jesus se encontra: um lugar iluminado pelo sol, cercado de muitas pessoas de todos os tipos, inclusive cegos, coxos e aleijados.
- Aproxime-se de João Batista. Converse com ele. Qual o motivo de sua admiração? Talvez seja porque Jesus faz o que faz, não aquilo que ele, João, talvez esperasse.
- “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A pá em sua mão vai limpar sua eira... a palha vai queimar num fogo que nunca se extingue” (Mt 3,12).
- João Batista duvida? Não. Mas quer saber das “Obras do Messias” que Jesus realiza.
- És tu ou devemos esperar outro? (Mt 11,3). Ele manda seu recado a Jesus...
2. Meditando a Palavra de Deus:
- O Evangelho do domingo nos apresenta dois cenários.
- De um lado, João Batista na prisão, numa tentativa de calar sua profecia.
- De outro, Jesus em sua atividade pública, demonstrando a chegada do Reino de Deus, fazendo surdos ouvirem, mudos falarem e o anúncio do Evangelho levado aos pobres.
- João Batista talvez tivesse sido acometido pela desolação. Tanto trabalho e profetismo agora reduzido ao confinamento da masmorra, da prisão do palácio.
- Será que valeu a pena tanto esforço?
- Ao mesmo tempo, ele ouve os ecos da pregação de Jesus, tanto novidade que não cabe nas suas percepções do Messias.
- Por outro lado, ele sentiu seu coração arder quando viu Jesus e Deus lhe dando a revelação de que Jesus é seu Cordeiro.
- Entre dúvidas e certezas, João consegue enviar uma mensagem a Jesus: “Es tu ou devemos esperar outro”? (Mt 11,3).
- Jesus responde convidando ao discernimento.
- Os apóstolos de João deverão contar-lhe o que eles mesmos veem: o tempo novo inaugurado nas ações do Messias. Cegos enxergam, surdos ouvem, a boa-nova é anunciada aos pobres... “felizes quem não se escandalizar com tais novidades” (Mt 11,6).
- Jesus confirma nos sinais que realiza ser o Messias, mas todos, inclusive João Batista, somos convidados à sua novidade.
- O messianismo de Jesus pode ser escandaloso para quem se prende em ideologias e preconceitos.
- Veja que muitas pessoas encontram o sentido de sua vida em Jesus e na sua pregação.
- Escute o que Jesus diz: “Felizes os que não se escandalizam de o Reino de Deus se cumprir desta forma...” (Mt 11,6).
- Escute também o elogio de Jesus faz a João Batista:
- Ninguém nascido de mulher é tão grande quanto João.
- Por outro lado, também escute o convite de Jesus a ir mais longe e perceber a novidade do Reino de Deus.
- No entanto, ele é menor que o menor no Reino de Deus (Mt 11,11).
- João Batista foi um grande profeta, mas, como precursor que era, ficou à porta do Reino. Verá, sim do céu, o Reino se estabelecer em Jesus, em sua Paixão, Morte e Ressurreição, para a vida e salvação de todos nós.
- Para refletir: Como João Batista, também preparo os caminhos do Senhor, no bom testemunho da fé? Assumo, no seguimento de Jesus, o Projeto do Reino de Deus? Ideologias e preconceitos têm me afastado da fé em Deus e do caminho de viver, eclesialmente, tudo que Deus me confia como dom e missão? Em que a Palavra de Deus hoje mais me chama a atenção? ...
3. Rezando à luz da Palavra de Deus:
Senhor, nosso Deus
Ajudai-me a confiar em vossa ação no mundo
e na vida das pessoas
que se manifesta nos sinais do Seu Reino,
e que eu possa viver a humildade e a missão
de preparar os caminhos do Senhor,
com um coração solidário
e atento às necessidades do próximo,
à imagem do Coração de Jesus.
Amém.
4. Contemplando a Palavra Deus em minha vida:
- Confrontado com a pergunta que Lhe foi trazida pelos discípulos de João, Jesus responde de forma desconcertante.
- Recorrendo às Escrituras, refere um conjunto de “obras” que, segundo o discurso profético, competem ao Messias: dar vida aos mortos (Is 26,19), abrir os olhos dos cegos, desimpedir os ouvidos dos surdos, dar liberdade de movimentos aos coxos, fazer falar os mudos (Is 35,5-6), anunciar a Boa Nova aos pobres (Is 61,1).
- Ora, se Jesus realizou estas obras isso quer dizer que chegaram os dias messiânicos.
- Sim, Jesus é o Messias, enviado por Deus para libertar o Seu povo de tudo aquilo que lhe rouba a vida;
- Ele é o Messias que vem propor e construir um mundo novo, o Reino de Deus;
- Ele é o Messias que vem cumprir as promessas feitas por Deus.
- É verdade que os gestos que Jesus tem realizado – os gestos próprios do Messias – não são sinais de condenação, mas sim de salvação.
- João, o “Batista”, estava enganado quando falava de um enviado de Deus que deveria vir para julgar e condenar.
- A missão que Jesus recebeu do Pai é a de salvar e dar vida.
- Talvez o “Batista” fique escandalizado por constatar que o Messias atua de uma forma diferente do esperado;
- Por isso, Jesus lhe deixa um recado final: “bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo” (vers. 6). Será feliz quem reconhecer e acolher Jesus como o Messias enviado para oferecer ao ser humano a salvação de Deus.
- Depois de os discípulos de João terem ido embora (vers. 7), Jesus comenta com as pessoas que o rodeiam a figura e a missão de João, o “Batista”.
- João não é um pregador oportunista que se inclina diante dos poderosos e que diz o que eles querem ouvir (vers. 7); também não é um interesseiro, à procura de uma vida cômoda e fácil, que gosta de viver no luxo e no esbanjamento (vers. 8).
- João é um homem íntegro, verdadeiro, que é capaz de enfrentar de peito aberto os poderosos e denunciar as mentiras em que eles vivem;
- João é um homem despojado, que vive com simplicidade, que não dá qualquer atenção aos valores fúteis e que está focado naquilo que é eterno;
- João é um profeta escolhido por Deus e enviado ao mundo para ser no meio dos homens um sinal de Deus. Mais: ele é o “mensageiro” que os profetas anunciaram, aquele que Deus prometeu enviar à Sua frente para Lhe preparar o caminho (cf. Mal 3,1).
- A tradição judaica liga esse “mensageiro” com a figura de Elias (Mal 3,23).
- Sim, João era um profeta, mas um profeta singular. Ele era o mensageiro, o arauto, que Deus enviou aos homens para anunciar a presença do Messias no mundo e para preparar os caminhos por onde o Messias devia chegar ao coração e à vida dos homens e mulheres.
- O testemunho de Jesus sobre João termina com um singular comentário final: “No entanto, o menor no reino dos Céus é maior do que ele” (vers. 10).
- Quer dizer: aqueles que escutaram a proposta de Jesus e que acolheram o dinamismo do Reino de Deus, aqueles que se dispuseram a seguir Jesus e a acolher a proposta de salvação que Ele trouxe, são maiores do que João.
- Olha, você deve ser um destes...
- Importante: Ao final da sua oração, faça um pequeno silêncio e relembre o que mais tocou o seu coração.
- Houve alguma palavra que ficou? Alguma resistência? Algum consolo? ...
- Apresente isso ao Senhor com liberdade, como um amigo fala a outro amigo ...
- A seguir, faça uma oração espontânea, agradecendo ao Senhor, renovando propósitos, à luz da fé, para a sua vida interior e de relação com as pessoas ...
- Abra o seu coração a Deus e escute o que Ele tem a lhe dizer ...
Pe. Marcelo Moreira Santiago