- Na primeira leitura, do primeiro livro dos Macabeus, vemos a tentativa do Rei Antíoco IV Epifânio para eliminar a religião de Israel e estabelecer em Jerusalém o culto pagão. Matatias e a sua família procuram resistir. Encontram-se em Modin, quando chegam os emissários do rei para tentar convencê-los a apostatar, a renegar a sua fé. Primeiro, recorrem a elogios e depois passam às ameaças. Matatias é elogiado e informado dos benefícios que o rei lhe reserva (vv. 17s.). Segue-se a resposta decidida do chefe dos Israelitas (vv. 19-22): ainda que todos sigam o rei, Matatias e a sua família permanecerão fiéis à aliança. Então, muda o cenário. Um judeu intimidado se aproxima do altar para sacrificar aos ídolos e Matatias o mata, imediatamente, fazendo o mesmo aos emissários de Antíoco e destrói o altar pagão (vv. 24s.). Depois pronuncia um verdadeiro grito de guerra: “Aquele que sentir zelo pela lei e permanecer fiel à aliança, venha e siga-me” (v. 27). E por fim, ele foge com os seus homens, não por medo, para organizar a resistência nas montanhas (v. 28). A primeira leitura narra justamente isso a insurreição dos Judeus contra Antíoco IV Epifânio e o começo da guerra em que tomaram parte os Macabeus. Esta guerra permitiu a paz religiosa durante algum tempo. Ela é uma exortação a nós para sermos firmes na fé, perseverantes até o fim.
- No Evangelho, São Lucas acentua a sua lamentação e o seu choro sobre Jerusalém, estabelecendo um claro contraste com as aclamações e louvores que, pouco antes, lhe tinham sido dirigidos (Lc 19, 38). O choro de Jesus nos revela a sua humanidade autêntica e, ao mesmo tempo, a sua total participação no drama de uma humanidade que resiste a entrar no Projeto Salvífico de Deus. Jesus nos salva com o seu poder divino, mas também com a sua fragilidade humana. A lamentação de Jesus encerra um juízo e oferece uma motivação. O juízo está nas palavras: “Mas agora isto está oculto (por Deus) aos teus olhos” (v. 42). Estas palavras atribuem a Deus o que na realidade depende da livre opção humana. A motivação se encontra nas palavras: “Se neste dia também tu tivesses conhecido” (v. 42). Estas palavras correspondem a uma afirmação: Tu não conheceste nem queres conhecer. Dois elementos positivos que caracterizam a lamentação de Jesus: a paz e o tempo da visita. A paz é o dom messiânico por excelência. Jesus veio proclamá-la e oferecê-la a todos. Mas é preciso acolhê-la para caminhar com Jesus até ao termo do seu itinerário. O tempo de que fala Jesus é o "tempo providencial" (kairós) em que Deus visita o seu o povo para o libertar e introduzir no Reino. São dois acenos que também devem iluminar a nossa vida e missão: a paz, dom messiânico e a sua acolhida. A complexidade da situação humana torna muito difícil encontrar o caminho da paz nas diversas circunstâncias. Mas não se pode desistir, atraiçoando os princípios evangélicos. Peçamos ao Senhor o fim das guerras em curso, em diversas partes do mundo. Peçamos pelos governantes dos povos, para que sejam pessoas sinceras e corajosas na busca dos caminhos da paz.
- Para refletir: Sou fiel aos ensinamentos da fé ou a renego, com minhas atitudes, diante das dificuldades e provações da vida? Sou instrumento de paz e acolho o dom de Deus em minha vida? O que me falta ainda?
Oração
Senhor,
que eu tenha junto a mim um amigo,
no dia da tua visita.
Que não feche o coração, nem a mente,
de modo a não reconhecer nos acontecimentos
os sinais da tua presença e da tua vontade.
Que Te reconheça nos irmãos e irmãs.
Que eu Te escolha sempre.
Que eu jamais perca a confiança e a esperança,
mesmo no meio da perseguição
ou de graves obstáculos
à vivência da minha fé.
Amém.
- Compromisso, à luz da fé: “Que Deus nos preserve de abandonar a lei e os seus preceitos!” (1 M c 2, 21).
Pe. Marcelo Moreira Santiago