No extremo oriente da Ásia nas regiões do Vietnã de hoje, o Evangelho já vinha sendo anunciado desde o século XVI. Contudo, de 1625 a 1886, excetuados breves períodos de paz, os governantes dessas regiões tudo fizeram para despertar o ódio contra a religião cristã e os discípulos de Jesus. Quanto mais perseguidos, maior o fervor cristão, com um número grandioso de mártires. O Papa João Paulo II, no dia 19 de junho de 1988, inscreveu 117 deles no rol dos santos mártires. O testemunho deles nos exortam à coragem e à perseverança na fé.
- Na primeira leitura, damos início ao livro de Daniel. Ambientado na época do exílio em Babilônia, ele remonta ao século III a.C. O texto de hoje refere a deportação ocorrida no tempo de Rei Nabucodonosor. O autor se serve das narrativas dos livros das Crônicas para pintar um quadro em que ressalta a figura de Daniel. O rei manda escolher alguns jovens, entre eles quatro israelitas nobres e dotados, para serem instruídos e colocados ao serviço da corte. São escolhidos Daniel, Ananias, Misael e Azarias, todos da tribo de Judá (vv. 3-6). Mas Daniel e os seus companheiros se revelam decididos a não transgredir a Lei. Era essencial para os exilados se manterem fiéis aos poucos preceitos que podiam observar fora da sua terra e que os distinguiam dos pagãos, como: a circuncisão, o sábado, as prescrições referentes a alimentos. Os quatro jovens hebreus recusam a alimentação real e conseguem convencer o oficial que deles cuidava, a servir-lhes apenas legumes e água. Levados à presença do rei, verifica-se que têm melhor aparência que os restantes jovens alimentados da mesa do rei. E são escolhidos para o serviço de Nabucodonosor, revelando-se grandes sábios, “dez vezes superiores a todos os escribas e magos do seu reino.” (v. 20). A leitura nos exorta à fidelidade a Deus e a seus preceitos, mesmo em situações difíceis de grande provação.
- No Evangelho, Jesus vê e elogia a pobre viúva; vê e não pode deixar de estigmatizar o gesto daqueles ricos. O olhar de Jesus é como que um juízo sobre a atitude daqueles que têm uma relação diferente com os bens, com o dinheiro. Jesus elogia a viúva pobre por causa das “duas moedas” que ofereceu ao templo. Ele as considera mais preciosas do que as ofertas dos ricos. O pouco da pobre viúva é tudo aos olhos de Deus, enquanto o muito dos ricos é simplesmente supérfluo. Também aqui encontramos um juízo bastante claro: Deus aprecia mais o valor qualitativo do que o valor quantitativo dos nossos gestos. Só Ele vê o nosso coração e nos conhece profundamente. Deus não quer as aparências e sonda os corações, sabendo muito bem onde se encontra a verdadeira generosidade.
- Para refletir: empenho-me, na vivência da fé, em ser fiel, aos ensinamentos de Deus? Confio no amor de Deus que me acompanha a cada dia? Sou generoso em colocar minha vida e os dons que me foram confiados a serviço? Tenho amor aos pobres?
Oração
Ilumina-me, Senhor,
para que possa compreender o verdadeiro valor
das atitudes, dos comportamentos e das coisas.
A tentação de me deixar levar
pelas opiniões correntes, pelas modas, é grande.
Por vezes, é difícil dar testemunho de Ti
e da tua Palavra,
é difícil ser fiel à tua vontade.
O mundo nem sempre compreende,
se escandaliza e até se torna violento
contra os teus fiéis.
É mais fácil estar com os ricos e segui-los,
do que estar com os pobres,
tomar partido por eles, defendê-los.
Ajuda, Senhor, a minha fragilidade,
para que seja coerente com a minha fé
e dócil à tua Palavra.
Amém.
- Compromisso, à luz da fé: ser mais generoso, na alegria de servir: “Esta viúva pobre colocou tudo o que tinha para viver” (Lc 21, 24).
Pe. Marcelo Moreira Santiago