A Festa de Nossa Senhora das Graças celebra a aparição da Virgem Maria à Santa Catarina Labouré, em 1830, em Paris. Nessa revelação, Maria pediu a criação da Medalha Milagrosa, simbolizando abundantes graças para aqueles que a usam com fé. Essa festividade destaca a generosidade de Deus, manifestada através da intercessão de Nossa Senhora, a “tesoureira” das graças divinas. Além disso, é um convite para mergulharmos ainda mais na devoção mariana e na busca incessante pela graça de Deus em nossas vidas, sobretudo para alcançarmos o nosso destino final, que é o Céu.
Leituras: Dn 6,12-28; Sl (Dn 3); Lc 21,20-28.
- Na primeira leitura, vemos Daniel, apesar da proibição do rei, continua a rezar três vezes ao dia, como faz todo o piedoso israelita (v. 14). Os seus inimigos o denunciam. O Rei Dario fica triste, mas não pode deixar de castigar Daniel, pois os decretos reais são irrevogáveis. Assim Daniel é lançado na cova dos leões, fechada com uma pedra que o rei sela para evitar irregularidades. Mas deseja que o Deus de Daniel intervenha para o salvar. Não hesita em orar e jejuar por essa intenção (vv. 17-19). No dia seguinte, ainda cedo, quando o rei pesaroso se dirigiu à cova dos leões e chama por Daniel, este lhe responde, dizendo: “Ó rei, viva o rei para sempre! O meu Deus enviou o seu anjo e fechou as bocas dos leões que não me fizeram qualquer mal.” (vv. 22-23). Libertado Daniel, segue-se o castigo dos seus inimigos que, antes de chegarem ao fundo da cova, são triturados pelos dentes dos leões (vv. 24s.). Tudo termina com um novo decreto do rei que ordena que em todo o reino se preste culto ao Deus de Daniel (vv. 26-28). O monoteísmo de Israel triunfa sobre as nações pagãs que, por causa dos seus prodígios, reconhecem o Deus vivo e verdadeiro. Toda a tribulação alcança a vitória, se formos fiéis a Deus, dóceis ao Espírito Santo que tudo renova.
- No Evangelho, continuamos com o "Discurso escatológico" de Jesus. Na primeira, é descrita a ruína de Jerusalém (vv. 20-24); na segunda é descrito o fim do mundo (vv. 25-28). Na primeira parte Jesus vai dizer: “quando virdes Jerusalém sitiada por exércitos... esses dias serão de punição» (vv. 20-22). A destruição de Jerusalém é um juízo de Deus sobre o comportamento passado dos seus habitantes. Mas é também um aviso em relação ao futuro, e de alcance universal: “até se completar o tempo dos pagãos” (v. 24), isto é, o tempo do testemunho, o tempo dos mártires. Aqui se distinguem os tempos: o Antigo Testamento, a plenitude dos tempos caracterizada pela presença de Jesus e o tempo da Igreja. O “tempo dos pagãos” se insere nesta última fase da história. Entre a primeira e segunda parte, o evangelista deixa entender que, depois do tempo dos pagãos, será o juízo universal. Os versículos 25-28 se caracterizam pela vinda do Filho do homem para o juízo universal. Quem se guarda na fé nada tem a temer, ainda que a descrição desse momento o induza a isso. De fato, o regresso do Senhor se caracteriza por “grande poder e glória” (v. 27). Caminhamos para Deus, para a vida de plenitude, na glória do céu, para o banquete eterno, junto de Deus com seus anjos e santos. Para o cristão, o sofrimento da morte é libertação para Cristo e para a vida eterna. Em qualquer circunstância, nos basta a disponibilidade para tudo acolher e viver em união com Cristo, para nossa salvação e salvação do mundo.
- Para refletir: Sou perseverante na fé, mesmo diante das provações da vida? Vivo uma vida de união com Cristo e na alegria de sempre servir? Como encaro a morte, com fim de tudo, ou passagem para a vida em plenitude, na glória celeste? Em que as leituras de hoje me ajudam?
Oração
Senhor,
ajuda-me a descobrir a tua vontade
em meio às provações da vida.
Ajuda-me a enfrentar sereno e esperançoso,
como Daniel, os leões que rugem e me querem devorar.
Ajuda-me a ver para além dos céus abalados
e dos mares agitados.
Se estiveres comigo,
os meus olhos verão o Filho do homem
vir numa nuvem e terei força
para erguer a cabeça.
Amém.
- Compromisso, à luz da fé: seguir na escola de Maria, Senhora das Graças, buscando a verdadeira graça, acolher, na fé e com amor, e seguir, como discípulo missionário, o seu Filho, nosso Mestre e Senhor, Jesus Cristo.
Pe. Marcelo Moreira Santiago