Leituras: Eclo 3,3-7.14-17a; Sl 127; Cl 3,12-21; Mt 2,12-15.19-23.
“José tomou o menino e sua Mãe
e foram morar na cidade
chamada Nazaré” (Mt 2,21-23).
Graça a pedir:
Senhor, dê-me a graça da confiança e da obediência
para realizar tua vontade em minha vida.
- A vida de Jesus, desde seus primeiros dias, é marcada por sinais e pelos desígnios divinos, como a fuga para o Egito a fim de escapar da perseguição de Herodes e o retorno à Galileia, estabelecendo o cenário para o seu ministério.
EVANGELHO DE JESUS CRISTO SEGUNDO
SÃO MATEUS 2,13-15.19-23
- Imaginando a cena bíblica:
- Coloque-se diante de Deus para viver, com frutos, esse momento orante. Acomode-se bem, voltando sua atenção para Deus.
- Faça a oração preparatória: Após o Sinal da Cruz, reze ao Espírito Santo e depois diga, em oração: Senhor e Criador, que os meus sentimentos, desejos e ações estejam ordenados somente para ti”.
- Leia o texto bíblico bem devagar, prestando atenção em cada palavra e frase.
- Imagine agora o local onde José, Maria e o Menino dormem.
- Imagine a comunicação de Deus com José através do sonho e perceba coo ele acorda assustado.
- Observe como ele acorda Maria e como conversam sobre o aviso dado em sonho.
- Como ele reage? O que ele diz? Como decidem sair na mesma noite? O que levar para a viagem? ...
- Meditando a Palavra de Deus:
- O texto do Evangelho é um testemunho claro da Providência de Deus que guia e protege a Sagrada Família através de sonhos e mensagens angelicais.
- José é o modelo de obediência à vontade de Deus, agindo sem hesitação diante das instruções divinas.
- Sua fé silenciosa e sua prontidão para agir são exemplos inspiradores.
- O cumprimento das Escrituras:
- Mateus, ao longo de seu Evangelho, tem um interesse particular em mostrar como a vida de Jesus cumpre as profecias do Antigo Testamento.
- Essa ênfase valida Jesus como o Messias esperando e coneta sua história à história de salvação do povo de Deus.
- A vulnerabilidade do Messias:
- A narrativa não esconde a vulnerabilidade de Jesus em sua infância, sujeito às ameaças humanas.
- Isso sublinha sua plena humanidade e a necessidade da proteção divina para que o plano de salvação se concretize.
- A Sagrada Família como modelo:
- As experiências da Sagrada Família – fuga, exílio, retorno e assentamento em um lugar desconhecido, podem ser vistas como um modelo para as famílias de todos os tempos.
- Elas ensinam sobre a confiança em Deus, a perseverança diante das adversidades e a importância de seguir a orientação divina.
- O contraste entre poder divino e terreno:
- Há um claro contraste entre a fúria e o poder limitado de Herodes, que tenta frustrar os planos de Deus e a soberania e o poder protetor de Deus, que garante a segurança de Jesus e o cumprimento de seu propósito.
- Para refletir: Sou obediente à voz de Deus? Procuro fazer a sua vontade? Enfrento as dificuldades com coragem, confiança em Deus e empenho pessoal? Dedico-me, em família, em cumprir os planos de Deus? ...
- Rezando à luz da Palavra de Deus:
Deus nosso Pai,
nós Te damos graças, porque nos criaste
à tua imagem, para viver em comunidade.
Tu és a fonte de toda a família humana.
Inspira os responsáveis pelo bem comum,
que têm o papel de assegurar às famílias
as condições de seu pleno desenvolvimento.
Nós Te oferecemos a nossa ação de graças,
porque nos escolheste
e a tua Palavra habita nos nossos corações,
com toda a sua riqueza.
Nós Te pedimos por nós mesmos, teu povo.
Faz-nos agir, em tudo, no nome do Senhor Jesus
e reveste os nossos corações
de bondade e de paciência.
Pai de bondade, nós Te bendizemos,
porque guias o teu povo no caminho da salvação.
No teu Filho Jesus,
conheceste a situação do emigrado e do deportado,
habitaste nas nossas cidades e aldeias
e nas nossas famílias humanas.
Ousamos pedir-Te pelas vítimas das perseguições,
pelos refugiados, os exilados e os apátridas
e pelo bem de nossas famílias.
A todos concede a Tua graça e bênção.
Amém.
- Contemplando a Palavra de Deus na vida:
- Mateus nos oferece uma “foto” a cores da família de Jesus.
- É, antes de mais, uma família que conta com Deus e que vive de Deus: escuta as indicações de Deus, aceita percorrer os caminhos de Deus, confia incondicionalmente em Deus.
- É, também, uma família unida, solidária, fraterna, onde cada um pode contar com o apoio incondicional dos outros, onde ninguém é descartado e deixado para trás, onde cada um é querido, cuidado, protegido e amado. É assim que se constrói uma família capaz de superar todas as provas e crises que a vida trouxer.
- Quem é Jesus, aquele Menino que nasceu de Maria?
- Mateus, nos episódios que antecedem o texto que a liturgia deste domingo nos oferece, já alinhavou diversas respostas: Jesus é o Messias, o descendente de Davi, Aquele através de qual Deus vai concretizar as promessas feitas a Abraão e à sua descendência (cf. Mt 1,1-17);
- Ele é o Filho de Deus, nascido de Maria por obra do Espírito Santo, que vem ao encontro dos homens para ser o “Deus conosco” e para oferecer a salvação a todos aqueles que O quiserem acolher (Mt 1,18-25);
- Ele é o “rei dos judeus” que nasceu em Belém, a terra de Davi, e que recebe a homenagem dos pagãos vindos de longe para o conhecer (Mt 2,1-12).
- É tudo? Não. Para que o quadro de Jesus que Mateus nos quer desenhar fique completo, faltam alguns dados mais. O relato de Mt 2,13-15.19-23 nos fornece esses dados.
- A narração de Mateus se desenvolve em duas cenas.
- A primeira nos leva até ao ano 7 ou 6 a.C., dois ou três anos antes da morte do rei Herodes. Herodes, o rei cruel que não suporta rivais, vê em Jesus uma ameaça e pretende eliminá-lo.
- No entanto, Deus vela por Ele e avisa José, em sonhos, do perigo que o Menino corre. O próprio Deus sugere o lugar onde a família de Jesus deve buscar segurança: a província romana do Egito (vers. 13), território fora da jurisdição de Herodes, asilo bem conhecido para muitos que fugiam da perseguição do tirano que governava a Palestina.
- Correspondendo às indicações de Deus, José “levantou-se de noite, tomou o Menino e sua mãe e partiu para o Egito e ficou lá até à morte de Herodes” (vers. 14-15).
- A segunda cena nos leva até ao ano 4 a.C., a altura da morte do rei Herodes. Jesus teria, por essa altura, dois ou três anos.
- Entra novamente em cena o anjo do Senhor que, em sonhos, avisa José da morte de Herodes e o convida a regressar a Israel (vers. 19-20).
- José procedeu conforme as indicações (vers. 21); mas, ao saber que Arquelau, um dos filhos de Herodes, reinava na Judeia, “teve receio de ir para lá. Retirou-se para a região da Galileia, no norte da Palestina, e foi “esconder-se” numa cidade chamada Nazaré” (vers. 22-23), uma povoação praticamente desconhecida, com cerca de quinhentos habitantes, situada no meio das montanhas do norte do país.
- O “receio” de José fazia sentido: Arquelau se revelou um governador impiedoso e despótico, que governou a Judeia e a Samaria alguns anos (de 4 a.C. a 6 d.C.) até ser deposto por causa da crueldade com que tratava os seus súditos.
- Mateus consegue ver nos acontecimentos relatados um paralelismo claro entre Jesus e Moisés, o profeta que Deus chamou e enviou para libertar o Seu povo da escravidão do Egito.
- O massacre das crianças de Belém pelo rei Herodes (Mt 2,16-18) recorda a ordem do faraó de atirar ao rio Nilo os bebés hebreus do sexo masculino (Ex 1,22); a fuga do menino Jesus através do deserto para escapar da morte (cf. Mt 2,14), lembra a fuga do jovem Moisés através do deserto para salvar a vida (Ex 2,15); o regresso de Jesus do Egito quando já tinha morrido o tirano Herodes (Mt 2,15), recorda o regresso de Moisés ao Egito quando já tinham morrido aqueles que o queriam matar (Ex 4,19).
- Mas há mais: a fuga da Sagrada Família para o Egito, para salvar a vida do Menino, lembra a ida para o Egito da família de Jacó para escapar da fome (Gn 46,1-7); a indicação dada por Deus a José para voltar com a sua família para a Terra Prometida (Mt 2,19-20), recorda a ação libertadora de Deus em favor dos escravos hebreus prisioneiros no Egito; o caminho feito pela Sagrada Família no regresso à terra de Israel, lembra o caminho percorrido pelo povo de Deus até à terra da liberdade.
- Mateus vislumbra nestes paralelismos um anúncio sobre Jesus e uma definição do programa que Ele vai realizar… Jesus, Aquele Menino que Deus salva das maquinações de Herodes, é o enviado de Deus que os grandes da terra não conseguirão derrotar.
- Esse Menino será o novo Moisés, o libertador enviado a salvar o povo de Deus. Pela ação de Jesus nascerá um novo povo de Deus; e esse povo, conduzido por Jesus, deixará definitivamente a terra da escravidão, do pecado e da morte, para iniciar uma vida nova na terra da vida e da liberdade.
- Mateus, no Evangelho que escreveu, irá mostrar como Jesus concretizou esta missão.
- No final da sua narração, depois de dizer que a família de Jesus foi estabelecer-se em Nazaré, Mateus deixa um comentário de difícil interpretação: (Isso aconteceu) “para se cumprir o que fora anunciado pelos Profetas: “há de chamar-Se Nazareno” (vers. 23b).
- O seu objetivo era mostrar aos judeus que, ao instalar-se em Nazaré, Jesus estava a cumprir as Escrituras e os desígnios de Deus.
- No dia em que a Igreja celebra a Sagrada Família de Jesus, Maria e José, detenhamo-nos ainda um pouco a olhar para a realidade familiar que a narração de Mateus sugere.
- A família de Jesus, Maria e José é uma família pobre e humilde que, por causa da violência e da crueldade dos poderosos, tem de deixar o seu lar e buscar asilo num país estranho.
- Como tantas outras famílias pobres de ontem e de hoje, a família de Jesus experimenta a perseguição, a clandestinidade, a rejeição, a indiferença, as tribulações dos exilados e dos descartados.
- No entanto – diz-nos Mateus – os membros desta família não estão sozinhos na sua luta contra a maldade, a injustiça, a violência dos grandes do mundo: Deus está do lado deles em todos os momentos, indica-lhes o caminho que devem percorrer, protege-os, anima-os, guia-os, salva-os.
- Não é uma família “condenada” e perdida; é uma família que está nas mãos de Deus e que é conduzida pela solicitude amorosa de Deus.
- Mas, além de contarem com Deus, os membros desta família também contam uns com os outros.
- A Família de Nazaré – a família que poderá ser modelo das nossas famílias – é uma família unida, solidária, fraterna.
- Os membros desta família caminham lado a lado, enfrentam juntos os perigos, as incomodidades, as incertezas, as crises, até mesmo o exílio numa terra estrangeira.
- É uma família que cuida dos mais frágeis, que se deixa “programar” pelas necessidades dos seus membros.
- É uma família onde ninguém é descartado, ninguém é deixado para trás.
- Na família de Nazaré se vive esse amor até ao extremo que supera todos os egoísmos e que se faz dom absoluto ao outro.
- A Sagrada Família é, finalmente, uma família que vive de Deus e que cultiva uma forte ligação com Deus.
- Escuta a Palavra de Deus, vive atenta aos sinais de Deus, procura seguir à risca as indicações de Deus, vive de olhos postos em Deus.
- O exemplo da Família de Nazaré nos mostra que uma família que vive ao ritmo de Deus é uma família unida por laços fortes, que nem as maiores tempestades da vida conseguirão quebrar.
Importante:
- Faça silêncio em seu coração. Deixe Deus falar a você.
- Agradeça a Deus especialmente por sua família e renove, de um modo orante, o compromisso de fazer o melhor que está a seu alcance pelos seus...
- Reze por cada um dos componentes de sua família... peça pela unidade e comunhão familiar, pelo bom relacionamento e fraternidade de todos eles e elas.
- Depois, anote tudo o que viveu em seu diário espiritual, sobretudo o apelo de Deus para você e sobre qual deve ser a sua resposta...
Pe. Marcelo Moreira Santiago