São Martinho de Tours nasceu na França em 316. Após receber o batismo e renunciar à carreira militar, fundou um mosteiro em Ligugé onde levou vida monástica sob a direção de Santo Hilário. Foi depois ordenado sacerdote e, mais tarde, eleito bispo de Tours. Foi modelo de bom Pastor. Fundou mosteiros, dedicou-se à formação do clero e à evangelização dos pobres. Morreu em 397. Seu exemplo nos estimule à vida orante e sacramental, testemunhada no serviço da caridade cristã.
- Na primeira leitura, o livro da Sabedoria nos convida a olhar em profundidade o mundo, a vida, o tempo que passa, sem nos deixarmos iludir pelas aparências: “As almas dos justos estão nas mãos de Deus... Aos olhos dos insensatos pareceram morrer, a sua saída deste mundo foi tida como uma desgraça, a sua morte, como uma derrota. Mas eles estão em paz. Se aos olhos dos homens foram castigados, a sua esperança estava cheia de imortalidade” (vv. 1-4). A ilusão de quem julga pelas aparências está em acreditar que quem é contrariado, perseguido, atormentado pelos homens, é profundamente infeliz. Mas a realidade é bem diferente: aquele que é perseguido por causa da sua fé está nas mãos de Deus, unido a Ele, cheio de esperança e de paz, em qualquer situação. Quem consegue ver o mais profundo da realidade se dá conta de que a felicidade não está nos prazeres mundanos. Estes provocam no ser humano um terrível vazio, que o leva a procurar mais prazeres, numa correria louca para encontrar satisfação e plenitude de vida. É preciso confiar no Senhor, é preciso ir além das aparências.
- No Evangelho, Jesus, depois de ter falado da fé, se dirige aos apóstolos e, por meio da parábola do servo, lhes recomenda que se façam servos de todos. Mais uma vez, Jesus acentua que, na lógica do Reino, não conta tanto o que se faz quanto a intenção, o estilo, o método com que se faz. Não recomenda uma humildade genérica: o que Lhe interessa realmente é o que pensam e pretendem fazer os apóstolos, quando se põem ao seu serviço e à causa do Reino. Deus não precisa de nós, nem das nossas ajudas; mas quer colaboradores em total sintonia com o seu projeto de salvação, aqui e agora personificado em Jesus de Nazaré. “Servos inúteis” (v. 10), isto é, comuns, simples... O que Jesus quer que os apóstolos interiorizem é a atitude que Ele mesmo demonstrará na véspera da paixão: depor o manto, servir os irmãos e entregar a própria vida. (Lc 22, 24-27; Jo 13, 1-17).
- Para refletir: Busco a felicidade tão só nas coisas deste mundo? Confio em Deus e deixo-me conduzir pela sabedoria que vem do alto? Acredito na vida eterna? Procuro, no serviço ao próximo, ser instrumento de Deus? Procuro tudo fazer com humildade e simplicidade ou busco holofotes para mim?
Oração
Senhor,
tudo o que sou e tenho, de Ti o recebi.
Ajuda-me a fazer de toda a minha existência
uma restituição dos teus dons.
Dá-me a certeza de que já estou Contigo
naquela vida que durará eternamente,
e de que a morte é apenas uma passagem.
Aumenta em mim a fé
nesta eternidade de amor,
que já saboreio em cada gesto de amor humano
que recebo.
Creio, Senhor, que, como acordo todas as manhãs,
um dia ressuscitarei na tua aurora.
Não será um prêmio a que tenho direito,
mas o definitivo transbordar
da tua infinita misericórdia.
Amém.
- Compromisso, à luz da fé: “Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer.” (Lc 17,10).
Pe. Marcelo Moreira Santiago